domingo, 19 de setembro de 2010

José Serra é contra a descriminalização do aborto - Veja no Estadão

'Descriminalizar aborto liberaria carnificina'

22 de junho de 2010 | 0h 00

- O Estado de S.Paulo

O candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, posicionou-se contra a descriminalização do aborto. Para o tucano, a liberação promoveria uma "carnificina" no País. "Considero o aborto uma coisa terrível. Num país como o nosso, hoje, nas condições atuais, isso liberaria coisas para uma verdadeira carnificina", afirmou ontem, em sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo portal UOL.

A legislação atual só permite o aborto em casos de estupro ou de risco de vida para a mãe. Para Serra, a legalização do aborto prejudicaria programas de prevenção à gravidez indesejada.

"Dificultaria o trabalho de prevenção, como no caso da gravidez na adolescência, que é um assunto muito grave. Isso liberaria, vai (ter) gravidez para todo o lado porque (a mulher) vai para o SUS e faz o aborto. Viraria um processo. O País não está preparado para isso", disse.

Outras polêmicas. Apesar da posição conservadora a respeito do aborto, o candidato se disse favorável à união civil de homossexuais e à adoção de crianças por casais gays.

"Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil que, para a criança, é uma salvação. Se houver condições psicológicas ? isso vale para qualquer tipo de casal e qualquer tipo de pessoa ? não vejo por que não aproveitar", disse.

Ainda na seara de temas polêmicos, Serra colocou-se contra a descriminalização das drogas, contra a redução da maioridade penal e contra a pena de morte. Ele se disse a favor de cotas sociais no ensino superior, no lugar das cotas raciais.

Atrasos. Serra admitiu ter um "problema com o relógio". Ele chegou à sabatina com 44 minutos de atraso e disse ter perdido a hora ao analisar notícias do dia. "Eu detesto me atrasar. Isso eu posso dizer em minha defesa. Eu sofro também, como aqueles que esperam." / C.F.

Fonte: ESTADAO.COM.BR/Brasil – Clique aqui para conferir.

VÍDEO RELACIONADO - FONTE: Youtube -
http://www.youtube.com/watch?v=TdjN9Lk67Io



Outro vídeo relacionado - Link para acesso: http://www.youtube.com/watch?v=Bkxxm1ALPLY

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

OAB defende afastamento imediato da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra

Ophir Cavalcante defende afastamento já da ministra Erenice, pela moralidade e transparência.
(Foto: Eugenio Novaes)
OAB defende afastamento imediato da ministra Erenice Guerra da Casa Civil


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Brasília, 15/09/2010 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, defendeu hoje (15) o afastamento imediato da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, cujo filho, Israel Guerra, está sendo acusado e investigado por tráfico de influência no governo - com a suposta participação da mãe -, em favor de empresa de transportes de cargas dos Correios. "Não se pode falar em moralidade, em transparência e em apuração se a ministra se mantiver no cargo", afirmou o presidente nacional da OAB em entrevista. "A partir do momento em que se coloca em dúvida a credibilidade e a postura da ministra, isso é algo que deveria atrair o imediato afastamento dela".

O presidente nacional da OAB ressaltou que tanto a ministra quanto seu filho devem ser investigados pelo Ministério Público e, internamente, pelo governo. "E para que essa investigação interna seja feita é necessário que haja o afastamento da ministra Erenice Guerra, já que ela pode influenciar essas investigações", reiterou.

Eis as declarações de Ophir Cavalcante defendendo o afastamento da ministra da Casa Civil:

"As acusações que se fazem em relação ao tráfico de influência permitido pela ministra Erenice Guerra são gravíssimas. Colocam em xeque a credibilidade do próprio governo. A ministra Erenice é a chefe da Casa Civil, que é um dos órgãos mais importantes e, a meu ver, o coração do próprio governo. E a partir do momento em que se coloca em dúvida a credibilidade e a postura da ministra, isso é algo que deveria atrair o imediato afastamento dela. Não se pode falar em moralidade, em transparência e em apuração se ela se mantiver no cargo. É necessário que ela seja afastada do cargo, a fim de que haja uma efetiva apuração, sem qualquer possibilidade de influência.

Quanto às intermediações feitas pelo filho da ministra Erenice, Israel Guerra, são inclusive criminosas, porque ele está exercendo, ou pelo menos disse exercer, a advocacia - algo que não pode por ele ser exercido, na medida em que ele não é advogado. Ele estaria aí cometendo um ilícito penal, a falsidade ideológica, e isso tem que ser apurado pelo Ministério Público.

Então, nós temos aqui, de um lado, a apuração penal que deve ser feita pelo Ministério Público, e , por outro lado, a apuração interna por parte do governo, que tem que dar uma satisfação à sociedade. E para que essa investigação interna seja feita é necessário que haja o afastamento da ministra Erenice Guerra, já que ela pode influenciar essas investigações".

Fonte: Site do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – Clique aqui para conferir

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Governador do Amapá é preso em operação da PF - Matéria transcrita de o Rio Banco.Net

Governador do Amapá é preso em operação da PF

governador_amapaO governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), foi preso na manhã desta sexta-feira (10) em Macapá, capital do Estado, durante a Operação Mãos Limpas, deflagrada pela Polícia Federal (PF). O objetivo da operação é prender uma organização criminosa, composta por servidores públicos, agentes políticos e empresários, que praticava desvio de recursos públicos do Estado do Amapá e da União.

As investigações, que contaram com o auxílio da Receita Federal, Controladoria-Geral da União e do Banco Central (BC), começaram em agosto do ano passado. Foram apurados indícios de um esquema de desvio de recursos da União, que eram repassados à Secretaria de Educação do Estado do Amapá, provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).

De acordo com a PF, a maioria dos contratos administrativos firmados pela Secretaria de Educação não respeitava as formalidades legais e beneficiava empresas previamente selecionadas. Para se ter uma ideia, apenas uma empresa de segurança e vigilância privada, segundo a polícia, manteve contrato emergencial por três anos com a secretaria, com fatura mensal superior a R$ 2,5 milhões, e com evidências de que parte do valor retornava, sob forma de propina, aos envolvidos.

De acordo com as investigações, foi constatado que o mesmo esquema era aplicado em outros órgãos públicos. Foram identificados desvios de recursos no Tribunal de Contas do Estado do Amapá, na Assembleia Legislativa, na Prefeitura de Macapá, nas Secretarias de Estado de Justiça e Segurança Pública de Saúde, de Inclusão e Mobilização Social, de Desporto e Lazer e no Instituto de Administração Penitenciária.

Foram mobilizados 600 policiais federais para cumprir 18 mandados de prisão temporária, 87 mandados de condução coercitiva e 94 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além do Estado do Amapá os mandados estão sendo cumpridos no Pará, Paraíba e São Paulo. Participam da ação 60 servidores da Receita Federal e 30 da Controladoria-Geral da União.

Os envolvidos estão sendo investigados pelas práticas de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, advocacia administrativa ocultação de bens e valores, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, tráfico de influência, formação de quadrilha, entre outros crimes conexos.

Fonte: www.oriobranco.net - Clique aqui para conferir

Links relacionados:

http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2010/09/10/boa_noticia_governador_do_amapa_e_preso_em_operacao_da_pf_79103.php

http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/09/governador-do-amapa-e-preso-em-operacao-da-policia-federal.html

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/13/politica,i=212751/STF+RECEBE+PEDIDOS+DE+SOLTURA+DE+EX+GOVERNADOR+DO+AMAPA+E+ESPOSA.shtml


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Promiscuidade dos políticos e dos partidos políticos – “Misturou tudo pô..!”


Por Luiz Carlos Nogueira
nogueirablog@gmail.com


Está mais do que provado que não existe mais a nitidez partidária. Quem acha que existe vocação altruística dos candidatos a cargos eletivos, visando o bem comum e progresso do país, tanto no campo dos princípios éticos como morais, está totalmente equivocado . Não há mais uma réstia de esperança das pessoas de bem, com vistas à moralização das práticas eleitoreiras, assim como na definição ideológica-partidária.

"Tá" tudo misturado, como bradou o bêbado (piada) que achava num ônibus lotado: Daqui prá cá todo mundo é bicha, e daqui prá lá todo mundo é corno!!


O motorista indignado freou o ônibus repentinamente, e todos os passageiros se despencaram um por cima dos outros.



Aí o motorista pegou o bêbado pelos fundilhos, jogou-o para fora do ônibus e lhe perguntou: E agora, quem é que é bicha ou corno?



Ao que o bêbado respondeu: Como é que eu vou saber agora? Misturou tudo pô...!!!


E é assim que estão as siglas partidárias — todas misturadas. Uma verdadeira lambança que só explica pela união dos interesses espúrios.


O que estarrece o eleitor esclarecido são as uniões de interesses nocivos à Pátria. Já escrevi que nessas próximas eleições haveria união de lobisomens com mulas-sem-cabeça. E isso está acontecendo. Não é preciso ser profeta para isso, tudo é uma questão de observação. Nada importa para a grande maioria desses políticos, quem está se colocando como candidato nos seus Partidos. Pode ser qualquer “porcaria”, desde que se proponha a fazer qualquer serviço sujo que possa trazer votos para as legendas.


Às vezes até começo a pensar que a Bíblia tem razão e estamos começando a viver uma onda de acontecimentos apocalípticos.

Mas vamos deixar o sagrado de lado e vamos às visões profanas mesmo. Por exemplo, quem já leu ou pelo menos já ouviu falar de “Os Protocolos dos Sábios de Sião”? Pois bem, esse livro que teria surgido inicialmente no idioma russo (hoje traduzido em vários idiomas), encomendado em 1897 Okhrana, ou seja, a Polícia Secreta do Czar Nicolau II, segundo o qual revelava o vazamento de um plano para que os judeus atingissem a dominação mundial.

Alguns historiadores afirmam que o propósito dos Protocolos era político, e pretendia dar sustentação e força a Nicola II, que dizia ter alguns de seus adversários como aliados numa grande conspiração para conquistar o mundo. Na verdade os Protocolos foram inventados para essa finalidade exposta.

Toda a idealização dos Protocolos teria sido transcrita em ata, por ocasião de uma assembléia realizada à portas fechadas, em Basileia, no ano de 1807, quando um grupo de sábios judeus e franco-maçons teria se reunido para estruturar um esquema de dominação mundial.

A ideia central desse plano, era usar uma nação europeia como exemplo para as demais outras que tentassem se interpor contra tal dominação, portanto, os conspiradores objetivavam assim, controlar o ouro e as pedras preciosas, criar uma moeda mundialmente aceita que ficassem sob seu controle, além de confundir os "não escolhidos" com números econômicos e de outra natureza, bem como, provocar o caos e espalhar o pânico, de tal sorte que fossem capazes de fazer com que os países criassem uma organização supranacional para interferir em países rebeldes.

Não pretendo aqui, entrar nas minúcias desses Protocolos, porque a intenção é mostrar aos leitores, alguns trechos que podem ser identificados com situações pelas quais vive-se hoje no Brasil, embora eu não acredite nessa coisa maluca que segundo se recolhe das investigações, foi criada por um novelista alemão antisemita, chamado Hermann Goesche que usou o pseudônimo de Sir John Retcliffe, para fazer crer que os judeus estariam conspirando para conquistar do mundo. Maquiavel se fosse vivo teria que se cuidar para não perder sua celebridade.

Assim passemos a transcrever alguns trechos interessantes dos Protocolos:

“É preciso ter em vista que os homens de maus instintos são mais numerosos que os de bons instintos. Por isso se obtém melhores resultados governando os homens pela violência e o terror do que com discussões acadêmicas. Cada homem aspira ao poder, cada qual, se pudesse, se tornaria ditador ; ao mesmo tempo, poucos são os que não estão prontos a sacrificar o bem geral para conseguir o próprio bem.”

“A liberdade política é uma ideia e não uma realidade. É preciso saber aplicar essa ideia, quando for necessário atrair as massas populares ao seu partido com a isca duma ideia , se esse partido formou o desígnio de esmagar o partido que se acha no poder (nota: ex: Rev. Francesa). Esse problema torna-se fácil, se o adversário recebeu esse poder da ideia de liberdade, do que se chama liberalismo, e sacrifica um pouco de sua força a essa ideia. E eis onde aparecerá o triunfo de nossa teoria: as rédeas frouxas do poder serão logo tomadas, em virtude da lei da natureza, por outras mãos porque a força cega do povo não pode ficar um dia só sem guia, e o novo poder não faz mais do que tomar o lugar do antigo enfraquecido pelo liberalismo.”

“A política nada tem de comum com a moral. O governo que se deixa guiar pela moral não é político, e portanto, seu poder é frágil. Aquele que quer reinar deve recorrer à astúcia e à hipocrisia. As grandes qualidades populares - franqueza e honestidade - são vícios na política, porque derrubam mais os reis dos tronos do que o mais poderoso inimigo. Essas qualidades devem ser os atributos dos reinos cristãos e não nos devemos deixar absolutamente guiar por elas.”

“Eis porque é preciso que destruamos a fé, que arranquemos do espírito dos cristãos o próprio princípio da Divindade e do Espírito, a fim de substituí-lo pelos cálculos e pelas necessidades materiais.”

“Então, as classes baixas dos cristãos nos seguirão em nossa luta contra a classe inteligente dos cristãos no poder, nossos concorrentes, não para fazer o bem, nem mesmo para adquirir a riqueza, mas simplesmente por ódio dos privilegiados.”

“Os cristãos são um rebanho de carneiros e nós somos os lobos! E bem sabeis o que acontece aos carneiros quando os lobos penetram no redil! Fecharão ainda os olhos sobre tudo o mais, porque nós lhes prometeremos restituir todas as liberdades confiscadas, quando se aquietarem os inimigos da paz e os partidos forem reduzidos à impotência.”

O capital, para ter liberdade de ação, deve obter o monopólio da indústria e do comércio; é o que já vai realizando a nossa mão invisível em todas as partes do mundo. Essa liberdade dará força política aos industriais e o povo lhe será submetido. Importa mais, em nossos dias, desarmar os povos do que levá-los à guerra ; importa mais servir as paixões incandescidas para nosso proveito do que acalmá-las ; importa mais apoderar-se das ideias de outrem e comentá-las do que baní-las.

O problema capital do nosso governo é enfraquecer o espírito público pela crítica ; fazer-lhe perder o hábito de pensar, porque a reflexão cria a oposição ; distrair as forças do espírito, em vãs escaramuças de eloquência.

Em todos os tempos, os povos, mesmo os mais simples indivíduos, tomaram as palavras como realidades, porque se satisfazem com a aparência das coisas e raramente se dão ao trabalho de observar se as promessas relativas à vida social foram cumpridas. Por isso, nossas instituições terão uma bela fachada, que demonstrará eloquentemente seus benefícios no que concerne ao progresso.

Nós nos apropriaremos da fisionomia de todos os partidos, de todas as tendências e ensinaremos nossos oradores a falarem tanto que toda a gente se cansará de ouví-los.

Para tomar conta da opinião pública, é preciso torná-la perplexa, exprimindo de diversos lados e tanto tempo tantas opiniões contraditórias que os cristãos acabarão perdidos no seu labirinto e convencidos de que, em política, o melhor é não ter opinião. São questões que a sociedade não deve conhecer. Só deve conhecê-las quem a dirige. Eis o primeiro segredo.

O segundo, necessário para governar com êxito, consiste em multiplicar de tal modo os defeitos do povo, os hábitos, as paixões, as regras de viver em comum que ninguém possa deslindar esse caos e que os homens acabem por não se entenderem mais aos outros. Essa tática terá ainda como efeito lançar a discórdia em todos os partidos, desunindo todas as forças coletivas que ainda não queiram submeter-se a nós; ela desanimará qualquer iniciativa, mesmo genial, e será mais poderosa do que os milhões de homens nos quais semeamos divergências. Precisamos dirigir a educação das sociedades cristãs de modo tal que suas mãos se abatam numa impotência desesperada diante de cada questão que exija iniciativa.

O esforço que se exerce sob o regime da liberdade ilimitada é impotente, porque vai de encontro aos esforços livres de outros. Daí nascem dolorosos conflitos morais, decepções e insucessos. Fatigaremos tanto os cristãos com essa liberdade que os obrigaremos a nos oferecerem um poder internacional, cuja disposição será tal que poderá, sem as quebrar, englobar as forças de todos os Estados do mundo e formar o Governo Supremo.

Em lugar dos governos atuais, poremos um espantalho que se denominará Administração do Governo Supremo. Suas mãos se estenderão para todos os lados como pinças e sua organização será tão colossal que todos os povos terão de se lhe submeterem.”

O FORO cria homens frios, cruéis, cabeçudos, sem princípios, que em todos os momentos, se colocam num terreno impessoal, puramente legal. Estão habituados a tudo empregar no interesse da defesa de seus clientes e não para o bem da sociedade. Geralmente , não recusam causa alguma, procurando obter absolvições a todo o preço, recorrendo às sutilezas da jurisprudência: assim, desmoralizam os tribunais.”

“Já tomamos as providências para desacreditar a classe dos padres cristãos, desorganizando, assim, sua missão, que, atualmente, poderia atrapalhar-nos bastante. Sua influência sobre os povos mingua dia a dia. Por toda a parte foi proclamada a liberdade de consciência. Por conseguinte, somente um número de anos nos separa ainda da completa ruina da religião cristã; acabaremos mais facilmente ainda com as outras religiões, porém ainda é muito cedo para falar disso.”

“Os imbecis que pensarem que repetem a opinião de seu partido repetirão a nossa opinião ou a que nos convier. Imaginarão que seguem o órgão de seu partido e seguirão, na realidade, a bandeira que arvorarmos por ele.”

Agora para finalizar — uma pergunta: teria gente se apropriando dessas ideias ou lições para adaptá-las e colocá-las em prática na política (de seus próprios interesses) em nosso País?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Segunda ameaça - Por Miriam Leitão

Segunda ameaça

Por Miriam Leitão

O Brasil perderá esta eleição, independentemente de quem vença, se ficarem consagrados comportamentos desviantes assustadoramente presentes na política brasileira. Uso de um fundo de pensão para construir falsas acusações contra adversários, funcionários da Receita acessando dados protegidos por sigilo, centrais de dossiês montados por pessoas próximas ao presidente.

A cada eleição, fatos estarrecedores têm sido aceitos como normais na paisagem política, e eles não são aceitáveis. Quando a Polícia Federal entrou no Hotel Ibis, em São Paulo, em 2006, e encontrou um grupo com a extravagante quantia de R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo tentando comprar um dossiê falso, havia duas notícias. Uma boa: a PF continuava trabalhando de forma independente. A ruim: pessoas da copa, cozinha, churrasqueira e campanha do presidente da República e do candidato a governador pelo PT em São Paulo estavam com dinheiro sem origem comprovada e se preparando para um ato condenável. A pior notícia veio depois: eles ficaram impunes.

Nesta eleição, depoimentos e fatos mostram que estão virando parte da prática política, principalmente do PT, a construção de falsas acusações contra adversários, o trabalho de espionagem a partir da máquina pública, o uso político de locais que não pertencem aos partidos.

As notícias têm se repetido com assustadora frequência. O verdadeiro perigo é que se consagre esse tipo de método da luta política. A democracia não é ameaçada apenas quando militares saem dos quartéis e editam atos institucionais. Ela corre o risco de “avacalhação”, para usar palavra recente do presidente Lula, quando pediu respeito às leis criminosas do Irã.

Sobre o desrespeito às leis democráticas brasileiras, Lula não teme processo de “avacalhação”, pelo visto. A Receita Federal não presta as informações que tem o dever de prestar sobre os motivos que levaram seus funcionários a acessarem, sem qualquer justificativa funcional, os dados da declaração de imposto de renda do secretário-geral do PSDB, Eduardo Jorge. Nem mesmo explica como os dados foram vazados de lá. Se a Receita não divulgar o que foi que aconteceu, com transparência, ela faz dois desserviços: sonega ao país informações que têm o dever de prestar antes das eleições; mina a confiança que o país tem na instituição, porque sua direção está adiando, por cumplicidade eleitoral, a explicação sobre o que houve naquela repartição.

Nas últimas duas semanas, a “Veja” trouxe entrevistas de pessoas diretamente ligadas ao governo e que trabalham em múltiplos porões de campanha. O que eles demonstram é que aquele grupo de aloprados do Ibis não foi um fato isolado. Virou prática, hábito, rotina no Partido dos Trabalhadores. Geraldo Xavier Santiago, ex-diretor da Previ, contou à revista que o fundo de pensão, uma instituição de poupança de direito privado cuja função é garantir a aposentadoria dos funcionários do Banco do Brasil, era usada para interesses partidários. Com objetivos e métodos escusos. Virou uma central de espionagem de adversários políticos. Agora, é o sindicalista Wagner Cinchetto que fala de uma central de produção de espionagem e disparos contra adversários; não apenas tucanos, mas qualquer um que subisse nas pesquisas.

Esse submundo é um caso de polícia, mas há outros comportamentos de autoridades que passaram a ser considerados normais nas atuais eleições. E são distorções. Não é normal que todos os órgãos passem a funcionar como ecos do debate eleitoral, usando funcionários pagos com os salários de todos nós, estruturas mantidas pelos contribuintes. Todos os ministérios se mobilizam para consolidar as versões fantasiosas da candidata do governo ou atacar adversários, agindo como extensões do comitê de campanha. Isso é totalmente irregular. Na semana passada, até o Ministério da Fazenda fez isso. Um relatório que é divulgado de forma rotineira, virou palanque e peça de propaganda, com o ministro indo pessoalmente bater bumbo sobre gráficos manipulados para ampliar os feitos do atual governo e deprimir os do anterior. O que deveria ser técnico virou politiqueiro; o que deveria ser prestação de contas e análise de conjuntura virou peça de propaganda.

Um governo não pode usar dessa forma a máquina pública para se perpetuar; órgãos públicos não são subsedes de comitês de campanha; fundos de pensão não são central de fabricação de acusações falsas; o governo não pode usar os acessos que tem a dados dos cidadãos para espionar. Isso mina, desqualifica e põe em perigo a democracia. Ela pressupõe a neutralidade da máquina mesmo em momentos de paixão política. Nenhuma democracia consolidada aceitaria o que acontece aqui.

A Inglaterra acabou de passar por uma eleição cheia de paixões em que o governo trabalhista perdeu por pouco, mas não se viu lá nada do que aqui está sendo apresentado aos brasileiros com naturalidade, como parte da disputa política. Crime é crime. Luta política é um embate de propostas, estilos e visões. O perigoso é essa mistura. Como a História já cansou de demonstrar, democracia não significa apenas eleições periódicas. A manipulação da vontade do eleitor, o uso de meios ilícitos, o abuso do governante ameaçam a liberdade, tanto quanto um ato institucional.

Fonte: Transcrito do site O Globo (Economia) – Clique aqui para conferir