terça-feira, 27 de março de 2012

Da Monarquia – O livro proibido de Dante Alighieri


Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com






Da Monarquia (Titulo original: De Monarchia), foi um dos livros de Dante Alighieri (escrito em latim, provavelmente entre 1310 e 1314), que demorou a ser conhecido. E a razão desse desconhecimento do público ledor é porque ele havia sido proibido pela Santa Sé, proibição essa que cessou somente por volta do ano de 1880.

A idéia da sociedade ideal, dirigida apenas por um monarca, da qual Dante não foi precursor, posto que antes dele houve outros teóricos e filósofos da política que tiveram semelhante concepção de governo, assim como Platão em sua obra “A República”, veio colocá-lo como subversivo perante a Igreja, porque esta pretendia que todos se sujeitassem a ela, enquanto, em contraposição Dante defendia a supremacia do poder temporal sobre o poder Papal, ressaltando que até Jesus Cristo não desejava o poder temporal.

Assim, depois dessas rápidas considerações sobre a referida obra de Dante, é preciso (conforme o primeiro livro) saber o que se entende por Monarquia temporal, pelo menos no plano da teoria e conforme a lógica.

A Monarquia temporal, que se chama Império, é o único principado que se ergue sobre todos os seres que vivem no tempo, ou sobre tudo aquilo que é medido pelo tempo. Três questões se levantam acerca desta Monarquia. Pergunta-se, primeiro, se é ela indispensável à boa ordenação do mundo. A seguir, se o povo romano se atribuiu com legitimidade o exercício da Monarquia. Por último, se a autoridade da monarquia lhe vem imediatamente de Deus, ou lhe é, antes, concedida por intermédio dum ministro ou vigário de Deus.” (Coleção os Pensadores – Nova Cultural - Tradução: Luiz João Baraúna, Alexandre Correia, Paulo M. Oliveira, Blasio Demétrio, Carlos do Soveral Consultor da Introdução: Ângelo Ricci.)

Pois bem, quanto a terceira e última questão, é importante ressaltar que ela coloca o problema da legitimidade ou não de um imperador ou de um monarca no plano temporal. E a resposta vem de Giovanni Boccacio, que primeiro levantou a biografia de Dante. Segundo esse biógrafo: “O império como único poder capaz de exercer um domínio universal, é um ideal político sem dúvida tão velho quanto a raça humana. É um sonho de que falavam os antigos — hebreus, egípcios, persas, chineses, gregos e romanos. Sempre e por toda parte, a mesma idéia fundamental: se um só monarca reinasse o mundo, a paz poderia reinar, pois são necessários dois para que irrompa um conflito”.

Para Dante, o monarca que ele apregoa retira sua autoridade embora temporal, de uma fonte espiritual, porque essa é uma lei que todos devem reconhecer que depende de forças espirituais divinas. Segundo essa lei, o monarca é inspirado a governar sob o influxo da divindade.

Ora, o Império já possuía toda a sua força quando a Igreja sequer estava no projeto de vir a existir e agir, portanto, a Igreja não é a causa da força do Império, ou também, ela não é a causa da autoridade do Império.

Mas tal pensamento utópico defendido por Dante, não me parece o caminho ideal, pois temos visto exemplos no mundo, de tipos de governos monárquicos, que solitários fizeram a desgraça do seu povo. A humanidade ainda não achou uma forma de governo melhor que a democracia, ainda que falha, por conta das atuações de políticos desonestos, maus e por isso — malditos. A vantagem da democracia é que possibilita ao povo, fiscalizar seus governantes, o que não acontece nos regimes monárquicos ou totalitários. Exceção se faz à Inglaterra, em que o rei ou a rainha são apenas figuras decorativas, mantidas por conta da tradição histórica e nada mais.

Obs: * Link para download do livro Da Monarquia:

http://www.acervodanet.com.br/icontrole/images/produtos/98c69c4c09.pdf

sexta-feira, 23 de março de 2012

OS VOOS DAS VAREJEIRAS

Foto - do site

http://alosertao.com.br/site/?p=7736




Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com





A varejeira, conforme a definição do Dicionário Caldas Aulete, trata-se de um substantivo feminino, ou seja, é uma “Espécie de mosca (Musca carnaria, Cochliomya macellaria), que emite forte zumbido ao voar, e costuma depositar seus ovos em tecidos de vertebrados ou em matéria orgânica em decomposição.”


Conforme a definição, esse é o sentido da vida das varejeiras (da espécie cochlilomyia hominivorax), ou existe outro, senão o de colocar seus ovos nas feridas dos vertebrados ou nas matérias orgânicas em decomposição? Embora se alimentem de frutas e néctar de flores, são perigosas para a saúde dos seres humanos e dos animais, porque provocam a miíase, doença decorrente das suas larvas, que podem, inclusive, ensejar a amputação de membros do corpo, porque as varejeiras põem os ovos em ferimentos abertos.


E vejam os leitores, que isso tem uma semelhança incrível com alguns políticos “porqueiras”, em suas esvoaçantes procuras de ministérios em Brasília-DF. E assim as “bicheiras” vão se formando e apodrecendo o corpo social do País.


O que se percebe com nitidez é que a preocupação desses acometidos de psicopatia, reduz apenas na conquista do poder pessoal, através da política suja do “toma lá dá cá”. São como o “menino dono da bola”, que escolhe quem vai jogar no seu time, e se alguém reclama e contesta, ele simplesmente leva a bola embora. E todos cedem às exigências do menino da bola.


Do lado das “varejeiras”: Ou você coloca meu “picareta” em tal ministério, ou nós não votaremos sua matéria! Obstruiremos...! Sairemos da sua base! Etc.etc.. Do lado do governo: Quem não votar a favor, não poderá contar com a liberação da verba para tal coisa! Etc. etc.


Pois é, estava certo John Stuart Mill, quando declarou no seu ensaio (Sobre a Liberdade, Publicações Europa-América, Lda., tradução de Isabel Sequeira, Portugal, Nov/1997) que seu objetivo era afirmar: “(...) um princípio muito simples, como legitimado a governar de um modo absoluto as transações da sociedade com o indivíduo em que existe obrigatoriedade e controle, quer os meios usados sejam a força física, sob a forma de penalidades, ou a coerção moral da opinião pública. O princípio é que a única finalidade que justifica que a humanidade interfira, individual ou coletivamente, na liberdade de ação de qualquer dos seus membros é a sua própria proteção”. Por conseguinte vale perguntar para esses políticos “varejeiras”, a quem essas suas ações visam proteger?


Karl Marx, destacado pensador das Ciências Sociais do século XIX, escreveu em seu livro Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, que a história pode se apresentar diante de nós como tragédia ou como comédia. Na verdade é isso mesmo, porque o sistema de troca de favores é a mais cínica comédia de dissimulação, visto que quando uma falcatrua é descoberta, simplesmente se troca um ministro por outro, mas do mesmo partido (aliás, hoje nem dá mais para se falar em partido, porque todos vivem numa promiscuidade política maldita) ou base aliada. E assim os esquemas continuam existindo, às vezes mudando de roupa ou então com a mesma roupa suja e nojenta. Isso tudo é coisa tanto de capitalistas quanto de “comunistas”. O povo é que não presta atenção para esse jeito calhorro (sem confundirem com cachorro seria elogio, porque diz o ditado que: o cão é o melhor amigo do homem) e sem-vergonha no meio político, que pretende fazer pensar que democracia é liberdade sem limites.


Nas épocas mais antigas da história, dizia Stuart Mill: “Liberdade significava proteção contra a tirania dos governos políticos.”.


Veja também a matéria: Promiscuidade dos políticos e dos partidos políticos – “Misturou tudo pô..!”

Clicando neste link: http://politicospartidoseideologia.blogspot.com.br/2010/09/promiscuidade-dos-politicos-e-dos.html