sábado, 30 de julho de 2011

Eu empresto a bola, mas só se eu for o capitão do time cujos jogadores serão da minha escolha

Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com

A democracia brasileira se parece muito com um jogo de futebol, no qual quem tem uma bola, só a empresta para realizar o jogo, se ele for o capitão do time composto pelos jogadores que ele escolher.

O armador do jogo sempre força um jogador sair da sua posição, para que o outro ocupe o seu espaço para receber a bola.

Assim é jogo dos dirigentes dos partidos políticos, tais como os meninos donos da bola. Só sai candidato quem for do interesse deles ou do grupo que eles representam. Eles também promovem os seus messias através do efeito da propaganda e dos veículos de comunicação alienantes.

Ora, a questão basilar da democracia reside exatamente na regra da maioria. É a maioria que deve decidir, ou seja, são as decisões coletivas que devem tornar-se vinculatórias para todo grupo ou partido político.

Deixar que a decisão para as escolhas dos candidatos para disputar eleições fique por conta de um messias ou um dono da bola, pode resultar num jogo perigoso, no qual as disputas ao invés de fortalecer os times, ao contrário, provocarão fortes antagonismos dentro deles próprios. Portanto, sem as prévias não se pode falar em escolhas democráticas. Não pode haver autocracias dentro dos partidos, que excluam da participação do processo eleitoral, candidatos com perfis adequados ao regime democrático mais próximo dos sonhos dos filósofos, e não como o nosso que ainda é um arremedo.

Também é preciso considerar o que os políticos ainda não entenderam ou não querem entender, é que numa efetiva democracia, os candidatos depois de eleitos devem se tornar os legítimos representantes da nação e não mais dos partidos e dos eleitores, para que não haja revanchismo dos interesses. Devo dizer que esse pensamento no Brasil, faz parte do pensamento utópico, porque os grupos de políticos-sociais sempre irão lutar pela sua supremacia, para fazer valer seus próprios interesses contra outros grupos. Aliás, os grupos políticos costumam fazer parecer que os seus interesses se identificam com os interesses nacionais.

Assim é que coloquei a seguir, um artigo do jornalista José Antonio Lima, que reflete bem o meu pensamento.

Eis o artigo:

Gilberto Carvalho diz que prévias no PT seriam “desastre”

08:53, 28/07/2011

Por José Antonio Lima

Redação Época

O Estadão desta quinta-feira traz mais uma reportagem sobre a forma como o PT vai escolher seus candidatos para as eleições de 2012. Depois de publicar que o ex-presidente Lula não quer prévias para escolher candidatos, o jornal mostra que o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tem posição igual. A diferença entre os dois é que Carvalho emite essa opinião publicamente.

“Seria um desastre ter prévia no PT em São Paulo”, afirmou Carvalho ao Estado. “As prévias acabaram se transformando em trauma para nós porque, toda vez em que foram realizadas, houve enorme dificuldade para juntar o partido e reunificar a base. Com a disputa no nosso campo, as prévias oferecem munição para o adversário.”

Diante deste quadro, a direção do PT vai agir no Congresso do partido para modificar a forma como os candidatos são escolhidos, acabando com a possibilidade das prévias.

A avaliação de Carvalho está certa. Mas o PT, como qualquer outro partido, precisa reconhecer que as prévias tornam a política mais democrática. E que, da mesma forma, não usar o expediente torna os partidos menos democráticos, o que é um drama para a política brasileira. É uma verdade com a qual pouquíssimos líderes querem lidar e uma imagem que nenhum político quer passar ao eleitor.

Fonte: Site da Revista Época – O Filtro – Clique aqui para conferir

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Reações ao documentário de FHC



Por Adamastor

Do Correio do Brasil


FHC é chamado de farsante por apoio à descriminalização da maconha


O papel de âncora no filme Quebrando o Tabu, que estreou na última sexta-feira, coloca o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso na berlinda. Ao defender a descriminalização de drogas leves, como a maconha, o ex-presidente despertou as mais variadas reações.


Para Anthony Henman, do Conselho Estadual de Entorpecentes e autor do livro Mama Coca, a participação de FHC no documentário é “importante e corajosa”. Mas o primeiro titular da Secretaria Nacional Antidrogas criada no governo FHC, Walter Maierovitch, critica a adesão do antigo chefe à luta que não abraçava no poder.


– Fernando Henrique é uma farsa. Ele fez o Brasil atrasar. Como explica que, como presidente, não quis seguir o exemplo de Portugal? – questiona Maierovitch, secretário de FHC entre 1998 e 2000.


No longa de Fernando Grostein, o ex-presidente percorre vários países para mostrar experiências exitosas em relação a drogas. Entre elas, a de Portugal, onde o consumo demaconha deixou de ser crime e passou a ser infração administrativa. Entre as opiniões exibidas no filme estão as de outros ex-presidentes neoliberais, como César Gavíria, da Colômbia, e Ernesto Zedillo, do México.


– Fiquei um ano no governo e não consegui fazer a revolução que Portugal está fazendo. Lá, houve uma redução de 30% no consumo de maconha – diz Maierovitch.


O modelo português de adotar a legislação que não criminaliza o uso, mas só o comércio, foi recomendado a países da União Europeia.


Reação tucana


De quebra, o discurso de FHC pela descriminalização da maconha tornou-se uma fonte de discórdia entre lideranças de seu partido, o PSDB. Tucanos já se mostram abertamente preocupados com as possíveis repercussões das declarações do ex-presidente. A bandeira de FHC contraria a opinião majoritária da cúpula do partido, que teme que a fala de FHC tenha impacto em futuras eleições.


– Todo fato de repercussão pode influir no ânimo do eleitor. Mas ainda é cedo para mensurar se esse impacto será positivo ou negativo. Eu sou contra. Mas isso nunca foi discutido no partido – afirmou o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).


Presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE) enfatizou que descriminalização é uma bandeira pessoal de FHC, e não do partido.


– Preocupam-me determinadas circunstâncias dessa proposta – admitiu.


Contrário à descriminalização das drogas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, preferiu relativizar o debate.


– Embora minha posição seja contrária à legalização, entendo que o debate é positivo – disse.


53 comentários

imagem de Vantuil Barbosa Filho

FHC é o típido, o verdadeiro político maldito, o servidor do mal, onde essa praga põe a mão, morre; fez assim com o patrimônio e os serviços públicos, quando foi presidente do Brasil. foi capaz de tudo para colocar na bunda do povo brasilleiro; sem dignidade alguma pelo cargo que exerceu; hoje quer acabar com a família brasileira; por puro despeito, inveja e rancor. A coisa boa em tudo isso, é que ele demostra, que o ninho dos tucanos, São Paulo fracassou. Ficou difícil para os flautistas do PIG, re-organizarem seus ratos.


imagem de oiDenilson

Fato... O FHc está só afzendo algo para aparecer... Ainda por cima dizer que na época que foi presidente não tinha noção da dimensão do problema, como ele tem hoje? aha...

"Só não vê quem não quer, ou está chapado, o FHC não quer saber de droga nenhuma, elê quer apenas mídia, falem mal mais falem de min."


Fonte: Luis Nassif Online – clique aqui para conferir

quarta-feira, 27 de julho de 2011

ENTREVISTA COM DONA BARATINHA 8

deedson.paulucci edson.paulucci@gmail.com
paraLuiz Carlos Nogueira
data27 de julho de 2011 12:17
assuntoENTREVISTA COM DONA BARATINHA
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ENTREVISTA COM DONA BARATINHA 8


Por Edson Paulucci


- Dona Baratinha, que bom vê-la de novo.

- É!

- A senhora ainda está morando em Brasília?

- É...quero dizer...tava.

- Uai! Tá onde agora?

- Por aí...meu marido perdeu o emprego.

- Ixxi! O que foi desta vez?

- A Presidenta!

- Dilma?

- É!

- O que foi que ela fez para o seu marido?

- Bem...ele estava muito bem no meio da sujerama
do Ministério dos Transportes. Ah! o meu marido é
o maior barato, sabe?

- Sei, sei, mas o que foi que houve?

- Ah! sei lá...a presidenta começou a fazer uma limpeza
geral e ele dançou....Você sabe que a gente odeia limpeza, né?

- E agora, o que é que vocês vão fazer?

- Estamos de mudança pra Mogi das Cruzes.

- Mogi? Confesso, não entendi!

- Pô cara, cê não conhece o Costa Neto?
ele que apita lá...

- Mogi é o paraíso da vez pra nós.

- Só por causa da sujeira?

- Precisa outra razão? Repórter Mané, você!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Justiça tenta recuperar dinheiro do mensalão



24/07/2011 - 11:30 | Fonte: Diário do Nordeste


Ministério Público Federal afirma que os envolvidos receberam R$ 23 milhões em "vantagens indevidas".



Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para selar o destino de 36 réus do mensalão, em julgamento previsto para ocorrer até o primeiro semestre do ano que vem, as iniciativas para recuperar o dinheiro supostamente desviado no esquema estão bem longe de um desfecho, após cinco anos de andamento na Justiça Federal.



O cálculo do dinheiro supostamente desviado no mensalão será feito no correr dos processos. O Ministério Público Federal (MPF) sustenta que os envolvidos receberam, pelo menos, R$ 23 milhões em "vantagens indevidas".



Das cinco ações de improbidade que poderiam resultar em ressarcimento ao Erário, além da condenação dos acusados a multa, suspensão de direitos políticos e proibição de contratar com o poder público, três estão suspensas e outras duas permanecem em fase inicial. Os acusados têm se beneficiado da morosidade dos ritos processuais e até escapado de notificações para emperrar a tramitação.



As ações foram propostas em agosto de 2007 pelo Ministério Público Federal. Em vez de um processo único, como no Supremo, que avalia as condutas dos réus na esfera penal, os procuradores optaram por desmembrar o caso em cinco, conforme o partido dos envolvidos, para agilizar os trâmites na Justiça.



Em todas elas, no entanto, 14 acusados, entre eles o ex-ministro José Dirceu (PT), o ex-deputado José Genoino (PT), o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador do mensalão, e a dona do Banco Rural, Kátia Rabello, figuram como réus. A justificativa é que integraram os dois núcleos principais da organização, que se articularam para pagar propina a parlamentares de todas as legendas: PT, PMDB, PP, PTB e o extinto PL (agora PR).



A ação contra políticos do PT está sob segredo de Justiça no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. De acordo com o MPF, o juiz substituto Alaor Piacini, da 9ª Vara do Distrito Federal, excluiu alguns requeridos da ação por entender que eles devem responder por crime de responsabilidade, e não por improbidade. Os procuradores apresentaram recurso ao tribunal, que não prosperou. Desde maio o caso está "sobrestado" (suspenso), até que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprecie outro recurso do MPF. Só após essa análise, poderá voltar à primeira instância para reiniciar a tramitação rumo a alguma decisão sobre o mérito.



As propinas ao PTB e seus parlamentares, entre eles Roberto Jefferson, teriam ido a R$ 4 milhões. Já o deputado Valdemar Costa Neto (ex-PL, agora PR) teria levado pelo esquema R$ 10,8 milhões. Os ex-deputados petistas Paulo Rocha, João Magno e Professor Luizinho, além do ex-ministro Anderson Adauto, teriam recebido R$ 2,2 milhões. Nas alegações finais apresentadas recentemente ao Supremo, a Procuradoria Geral da República sustenta ainda que R$ 73 milhões foram desviados do Banco do Brasil, pelo fundo Visanet.



Por trás da morosidade das ações, estão a lentidão dos trâmites processuais e manobras que dificultam o andamento. Oficiais de Justiça têm se desdobrado para achar o doleiro Lucio Bolonha Funaro, acusado, na ação contra nomes do PL, de "dissimular a origem" do dinheiro do mensalão.



Corrupção


10,8 milhões de reais teriam sido levados pelo deputado Valdemar da Costa Neto (PR); já as propinas ao PTB e a seus parlamentares teriam sido de R$ 4 milhões.


Fonte: Âmbito Jurídico.com.br – Clique aqui para conferir



sábado, 23 de julho de 2011

UM TOQUE DE CLARIM

deJoão Bosco Leal artigos@joaoboscoleal.com.br
paranogueirablog@gmail.com
data22 de julho de 2011 01:10
assuntoUm toque de clarim
enviado porjoaoboscoleal.com.br
Importante principalmente por causa das pessoas na conversa.
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João Bosco

Um toque de clarim


Apesar de toda a bandidagem que temos visto ocorrer, principalmente nos últimos dois governos do PT, creio que o Brasil certamente ainda será o país do futuro, como sempre foi proclamado por nossos governantes, principalmente pelo enorme potencial de suas riquezas naturais.


Quando praticamente todos os países do mundo começam a desistir da produção de energia atômica, as riquezas hídricas distribuídas por praticamente todo o território nacional tornam o Brasil um país com posição invejável quanto às possibilidades de produção de energia hidrelétrica.


As fontes para a geração de energia solar e eólica também são bastante favoráveis, especialmente na região menos favorecida hidricamente, o nordeste do país, onde, para suprirmos essa dificuldade também poderíamos utilizar a tecnologia de dessalinização da água do mar, já bastante conhecida e fartamente utilizada por diversos países que realizam inclusive a irrigação de amplas áreas áridas, para a produção agrícola com a água marítima.


Fontes de geração de energia renovável e 80% menos poluentes do que os combustíveis à base de petróleo, como o biodiesel e o álcool de cana, o etanol, já são bastante utilizadas e sua produção cria outras possibilidades, como a queima do bagaço da cana para suprir o consumo de energia das próprias usinas e que gera excedentes com milhares de utilizações possíveis, além da produção de resíduos para a adubação de terras.


A produção agropecuária brasileira se destaca cada vez mais no cenário mundial, onde somos líderes ou estamos entre os maiores exportadores de muitos produtos como soja, milho, suco de laranja, café, milho, açúcar, frutas diversas e de carne bovina, suína e de frango.


Na produção de celulose a partir de florestas artificiais também nos destacamos muito e brevemente, com a entrada em funcionamento das fábricas construídas ou já em construção na cidade de Três Lagoas, MS e com os milhões de hectares de terras já plantadas na região com eucalipto para essa finalidade, seremos os líderes mundiais.


A indústria automobilística brasileira já exporta uma quantidade excepcional de veículos e novas fábricas continuam se instalando no país visando o abastecimento do mercado interno e também as exportações.


Máquinas pesadas como moto-niveladoras, tratores de diversos tamanhos, de pneus ou de esteiras, pás carregadeiras, caminhões com diversas capacidades de carga e de diversas marcas aqui fabricados, são exportados para todos os continentes e em quantidade cada vez maior.


Os principais gargalos para um crescimento mais vigoroso da economia do país, dizem os especialistas, é exatamente o 'custo Brasil', dos enormes encargos financeiros pagos pelo setor produtivo, a infraestrutura de transporte rodoviário e aéreo-portuário e claro, a enorme carga tributária vigente.


Quando vejo a imprensa divulgando o que ocorre no Ministério dos Transportes fico muito feliz, por entender que, se tanto pode ser superfaturado, roubado, significa que o dinheiro é suficiente para acabar com todos esses problemas, bastando para isso extinguir, ou diminuir consideravelmente a corrupção e isso não é impossível.


Nos filmes do velho oeste norte americano que assistia quando criança, quando os fortes estavam sendo atacados pelos índios, com muitos soldados já mortos, os sobreviventes acuados e em número bem menor, as chamas destruindo os alojamentos internos, o portão de entrada já derrubado e o ataque final iria se consumar, ao longe se ouvia o toque do clarim determinando o ataque aos índios pela cavalaria salvadora que chegava.


Para um futuro sólido, grandioso e feliz, o Brasil só precisa de uma liderança capaz de, com um simples toque de clarim, determinar à sua cavalaria um ataque mortal à corrupção, com a destituição, prisão e retomada dos bens de todos os saqueadores, estejam eles no legislativo, executivo ou judiciário.


João Bosco Leal www.joaoboscoleal.com.br

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Textos de autoria de José Serra, apresentados ao Conselho Político do PSDB

A nossa missão

03/07/2011

Por José Serra

O texto abaixo é de minha autoria. Levei-o à primeira reunião do Conselho Político do PSDB, o qual presido, no dia 29 de junho, em Brasília, para servir de base ao debate sobre a conjuntura política e o partido. Fiz o elenco daqueles que considero os problemas do país, as dificuldades do governo, a missão do nosso partido e os riscos que podem rondar a legenda.

Trata-se de um texto extenso e com temas muito diversificados. Não tinha a pretensão, nem propus – todos os presentes na reunião sabem disso – transformá-lo em um documento formal do PSDB, subscrito por todos. Em seguida, vai a nota de ontem do presidente do partido, Sérgio Guerra, publicada no site do PSDB:

O governador José Serra apresentou ao Conselho Político do PSDB um documento sobre a conjuntura brasileira e também comentários sobre as ações do partido. Serra nunca pretendeu que sua proposta fosse assumida como do Conselho ou do Partido. É um texto de qualidade, como são as manifestações do governador, e será discutido no ambiente partidário e político. Esse era e é o propósito do governador Serra.”

Deputado Sérgio Guerra, Brasília, 02 de julho de 2011″

A NOSSA MISSÃO

Ainda que lentamente, vem-se recobrando a razão no debate público. É mais freqüente hoje do que ontem o reconhecimento de que os oito anos do governo do PSDB, comandados por Fernando Henrique, tiraram o Brasil de algumas situações de atraso crônico; deram cabo da super-inflação; criaram a Rede de Proteção Social; marcaram um formidável avanço nas políticas sociais universais, como na Educação, comandada pelo grande ministro Paulo Renato, que nos deixou, mas deixou uma obra inapagável; ou na Saúde, quando o SUS afirmou-se como instituição fundamental da nossa sociedade; marcaram o compromisso do país com a responsabilidade fiscal e, junto com tantas conquistas, fortaleceram a democracia. À medida que o tempo passa, não temos dúvida de que a obra de Fernando Henrique e do PSDB se agigantam.

Justamente porque temos este passado, cresce a nossa responsabilidade com o presente e com o futuro. Porque, de fato, aquele passado é um fato bem vivido: nós criamos alguns marcos do Brasil moderno que, é bem verdade, foram em parte absorvidos ou reciclados por nossos adversários, embora submetidos, muitas vezes, a um administrativismo sem ousadia e sem imaginação, quando não improvisado, ineficiente e patrimonialista. Não conseguiram herdar do PSDB a capacidade de planejar e de preparar o país para desafios futuros, como fizemos. Hoje, mais do que ontem, já se reconhece que boa parte das conquistas do país se deve à nossa régua e ao nosso compasso.

Então, temos claro que é preciso avançar. Muita coisa está parada no país; outras tantas funcionam precariamente. Porque faltam ao governo clareza, convicção, propósito e, é forçoso dizer, competência. Feliz o partido que pode homenagear, então, um Fernando Henrique Cardoso e um Paulo Renato. Um partido vale não apenas pelos quadros que dispõe, mas também por aqueles que homenageia. Isso nos diz que se trata de um partido com passado e com futuro. Para o bem do Brasil.

Desenvolvimento e emprego

A maior necessidade no Brasil nas próximas décadas é criar muitos empregos de boa qualidade, que proporcionem melhor padrão de vida para as famílias, mais acesso a bens materiais e culturais, mais saúde, mais futuro.

Até 2030, mais de 145 milhões de pessoas de pessoas precisarão de postos de trabalho. Para enfrentar esses desafios, é preciso que a economia cresça de forma rápida e sustentada.

Durante o mandato de Lula, graças ao seu talento de animador e à publicidade massiva, criou-se a impressão de que a era do crescimento dinâmico havia voltado para ficar. Impressão, infelizmente, sem fundamento.

A herança maldita

O mais preocupante, em todo caso, não é esse desempenho modesto, mas as travas que o governo Lula legou ao crescimento futuro do país:

1. O perverso tripé macroeconômico: temos a carga tributária mais alta do mundo em desenvolvimento; a maior taxa de juros reais de todo o planeta, ainda em ascensão, e a taxa de câmbio megavalorizada. A isso se soma uma das menores taxas de investimentos governamentais do mundo.

2. O gargalo na infraestrutura: energia, transportes urbanos, portos, aeroportos, estradas, ferrovias, hidrovias e navegação de cabotagem. Um gargalo que impõe custos pesados à atividade econômica e freia as pretensões de um desenvolvimento mais acelerado nos próximos anos.

3. As imensas carências em Saneamento, Saúde e Educação, que seguram a expansão do nosso capital humano.

4. A falta de planejamento e de capacidade executiva no aparato governamental, dominado pelo loteamento político, pela impunidade, quando não premiação, dos que atentam contra a ética, e por duas predominâncias: do interesse político-partidário sobre o interesse público, e das ações publicitário-eleitorais sobre a gestão efetiva das atividades de governo.

Nem convicção nem rapidez

Sem poder reclamar publicamente da herança recebida, o novo governo promete que vai enfrentar os desafios, mas mostra falta de convicção e de rapidez, além de desorientação em matéria de prioridades, cujo símbolo maior é o trem-bala SP/RJ, sem dúvida o projeto de investimento mais alucinado de nossa história, não só pela precariedade técnica e pela inviabilidade econômico-financeira, como também pelo volume de recursos que exigiria.

A falta de convicção apareceu na crise do sistema aeroportuário, onde, depois de anos demonizando as privatizações, o PT e a presidente Dilma concluíram que melhor mesmo é privatizar. Depois de oito anos e meio, não têm, é claro, projeto algum nessa área, e só a modelagem necessária à licitação das concessões demorará até meados do ano que vem, enquanto o colapso dos aeroportos continuará a martirizar os passageiros.

A falta de rapidez fica visível em face dos quatro anos de atraso das providências para a Copa do Mundo. Assunto no qual, em vez de resolver os problemas, o atual governo optou pelo atropelo, tentando promover mudanças na legislação que transformarão as obras públicas em puros negócios privados, como se os donos do poder fossem os donos do patrimônio e do dinheiro dos contribuintes. Vêm aí super faturamentos, atrasos e outros desperdícios de dinheiro público numa escala inusitada em nossa história.

Como regra, o governo vai atrás, bem atrás, dos acontecimentos e nem assim toma iniciativas efetivas. No ano passado, alegavam que nossas fronteiras — das mais escancaradas do mundo ao contrabando de armas e drogas —eram as mais guarnecidas do planeta. Isso foi recentemente desmentido por grandes reportagens, e só por essa razão, depois de cortar recursos da vigilância do setor, o governo anunciou um grande plano, de corte puramente publicitário. Como o plano contra o crack, que nunca saiu do papel, e nem é essa a intenção dos responsáveis pela área, que negam a gravidade do problema. Ou, então o novo “plano” contra a miséria, um mero requentado publicitário do Fome Zero, uma iniciativa que deu certo na propaganda, mas que nunca existiu na realidade.

No meio ambiente, o governo tampouco tem personalidade definida, no seu já clássico zigue-zague. Procura parecer ortodoxamente ambientalista no debate do Código Florestal e é ortodoxamente anti-ambientalista no atropelo para fazer andar a hidrelétrica de Belo Monte. Radicalizou desnecessariamente nos dois casos, pois havia terreno para entendimento no Congresso Nacional e na sociedade sobre o novo código, e há também como encaminhar a utilização do potencial hidrelétrico de uma maneira ambientalmente e socialmente responsável.

Desindustrialização

No começo do mandato da atual presidente, divulgou-se a chegada de uma novíssima política econômica, em que o crescimento não mais ficaria constrangido pela luta anti-inflacionária. A inflação seria combatida com crescimento. O resultado foi a deterioração das expectativas, o pânico diante das ameaças de reindexação e um recuo desorganizado — uma rota de fuga para uma ortodoxia, diga-se, de má qualidade.

O PIB contratado para este ano é medíocre, acompanhado de inflação perigosamente alta. O governo promete fazê-la convergir para a meta no ano que vem, mas já sinalizou que vai fazer isso prolongando o aperto monetário e o pé no breque do crescimento. Em resumo: depois das indecisões e vacilações na largada, vão acabar comprometendo pelo menos dois anos — metade do mandato. E, como a âncora exclusiva do ajuste é a cambial, isso causará um estrago ainda maior na indústria brasileira.

O crescimento medíocre produz resultados pobres, principalmente no emprego. Fica escondido o fato de que a maioria das vagas criadas nos últimos anos paga salários menores. Na faixa dos melhores empregos, os mais qualificados, o que se vê é estagnação ou o retrocesso. O desemprego entre os jovens está cada vez mais grave.

Emprego de qualidade depende também de indústria forte. E o binômio perverso juros-câmbio impõe o arrocho e a incerteza à indústria brasileira, que enfrenta dificuldades crescentes para competir no exterior e observa impotente a invasão de produtos estrangeiros a preços que sufocam a produção nacional. Estamos vivendo, sim, um processo de desindustrialização, como se o modelo agro-minerador pudesse proporcionar, por si só, os 145 milhões de bons empregos de que necessitaremos daqui a menos de 20 anos.

O que existe de atividade mais dinâmica resulta dos investimentos do petróleo(mesmo atrasados, superfaturados e desorganizados), da agricultura e do dinheiro que vem de fora para especular. Na agricultura, porém, o governo ainda insiste em cevar o clima que criminaliza os produtores. Já o dinheiro externo vem para dançar a ciranda financeira e garantir os maiores rendimentos do mundo. Uma vez anabolizado, vai embora feliz da vida. Hoje, a fraqueza das nossas exportações nos torna dependentes do capital que faz uma escala e pode cair fora. Enquanto isso, nossa taxa de investimentos continua cronicamente baixa. E o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, neste ano, da ordem de 65 bilhões de dólares, será o terceiro ou quarto maior de mundo.

Política Externa: quase más de lomismo

Algo parecido acontece nos direitos humanos. Depois de tentar empurrar o Brasil para uma aliança estratégica com o Irã, cujo governo ditatorial prega um segundo Holocausto contra os judeus, o PT sentiu a rejeição da opinião pública, ensaiou um recuo, passou a dizer que os direitos humanos iriam adquirir centralidade na política externa brasileira. Mas a coisa ficou só no plano das declarações. Na prática, o governo do PT apoia o regime da Síria no massacre contra os movimentos a favor da democracia naquele país. Neste capítulo, um momento triste foi quando a presidente deu as costas à Prêmio Nobel da Paz iraniana Shirin Ebadi, para não melindrar o aliado Mahmoud Ahmadinejad. Parece que a atração do governo petista pelas tiranias segue inabalável.

É a verdade revelada na sua face mais cruel. O governo do PT é a favor de promover os direitos humanos em países governados por adversários do PT. Quando se trata de governos amigos do petismo, prefere-se o silêncio diante das violações, dos abusos, dos massacres. Para os amigos, as conquistas da civilização; para os nem tanto, a lei da selva. Não foi por menos, aliás,que o momento da vergonha veio quando o governo do PT decidiu afrontar a democrática Itália e dar proteção a um assassino comum, Cesare Battisti, só por ele ter amigos no PT.

O papel da oposição

Como oposição, temos o dever de acompanhar, estudar todas as principais questões nacionais a fundo, ver como vivem e sentir o que pensam as pessoas de todo o país, criticar, fiscalizar, cobrar promessas e apontar caminhos. Sem, no entanto, pretender virar governo no exílio, como reza a tradição tucana, de onde não vencemos a eleição.

A incompetência e o autoritarismo são as marcas deste governo, e o PSDB não renunciará à denúncia desses atos e buscará mobilizar a sociedade brasileira para superar este período difícil. Outros momentos da história do Brasil mostraram que governos com maiorias acachapantes no Congresso podem ser enfrentados por meio da mobilização social e política da sociedade pela democracia e pelo desenvolvimento.

Essa é a nossa missão e a ela não renunciaremos.

Combatividade e unidade

O texto anterior procura sistematizar a análise da conjuntura política brasileira, que deveria passar a ser rotineiramente (a cada dois meses) debatida em todos os diretórios locais do partido, em todo o Brasil. Do mesmo modo, cada diretório deve produzir sua carta de conjuntura local, para ser debatida pelos seus militantes e conhecida pelos órgãos superiores do partido.

Temos um mundo de ações a fazer, pelo bem do nosso povo e do nosso país. Temos adversários políticos e um só possível inimigo: a desunião interna. Para mantê-la afastada, temos de insistir em duas condições. Em primeiro lugar, a combatividade das nossas direções, em todos os níveis, evitando o esmaecimento dos compromissos políticos e ideológicos dos militantes. Em segundo lugar, não antecipar as decisões sobre alianças e candidaturas em 2014; neste momento, as nossas tarefas essenciais são de reflexão, combate e reorganização do partido, em todo o Brasil.

Fonte: site de José Serra – clique aqui para conferir a matéria





Conselho Político – A nossa missão

01/07/2011

Por José Serra

Este é o documento, revisado, que apresentamos na reunião do Conselho Político, na última quarta-feira. Contém uma análise da conjuntura política e econômica do país e do papel da oposição.

A NOSSA MISSÃO

Conselho Político do PSDB

29/6/2011

Esta foi a primeira reunião do Conselho Político do PSDB, poucos dias depois do aniversário de 80 anos do seu presidente de honra, Fernando Henrique Cardoso. Ainda que lentamente, vem-se recobrando a razão no debate público. É mais freqüente hoje do que ontem o reconhecimento de que os oito anos do governo do PSDB, comandados por Fernando Henrique, tiraram o Brasil de algumas situações de atraso crônico; deram cabo da super-inflação; criaram a Rede de Proteção Social; marcaram um formidável avanço nas políticas sociais universais, como na Educação, comandada pelo grande ministro Paulo Renato, que nos deixou, mas deixou uma obra inapagável; ou na Saúde, quando o SUS afirmou-se como instituição fundamental da nossa sociedade; marcaram o compromisso do país com a responsabilidade fiscal e, junto com tantas conquistas, fortaleceram a democracia. À medida que o tempo passa, não temos dúvida de que a obra de Fernando Henrique e do PSDB se agigantam.

Justamente porque temos este passado, cresce a nossa responsabilidade com o presente e com o futuro. Porque, de fato, aquele passado é um fato bem vivido: nós criamos alguns marcos do Brasil moderno que, é bem verdade, foram em parte absorvidos ou reciclados por nossos adversários, embora submetidos, muitas vezes, a um administrativismo sem ousadia e sem imaginação, quando não improvisado, ineficiente e patrimonialista. Não conseguiram herdar do PSDB a capacidade de planejar e de preparar o país para desafios futuros, como fizemos. Hoje, mais do que ontem, já se reconhece que boa parte das conquistas do país se deve à nossa régua e ao nosso compasso.

Então, temos claro que é preciso avançar. Muita coisa está parada no país; outras tantas funcionam precariamente. Porque faltam ao governo clareza, convicção, propósito e, é forçoso dizer, competência. Feliz o partido que pode homenagear, então, um Fernando Henrique Cardoso e um Paulo Renato. Um partido vale não apenas pelos quadros que dispõe, mas também por aqueles que homenageia. Isso nos diz que se trata de um partido com passado e com futuro. Para o bem do Brasil.

Desenvolvimento e emprego

A maior necessidade no Brasil nas próximas décadas é criar muitos empregos de boa qualidade, que proporcionem melhor padrão de vida para as famílias, mais acesso a bens materiais e culturais, mais saúde, mais futuro.

Até 2030, mais de 145 milhões de pessoas de pessoas precisarão de postos de trabalho. Para enfrentar esses desafios, é preciso que a economia cresça de forma rápida e sustentada.

Durante o mandato de Lula, graças ao seu talento de animador e à publicidade massiva, criou-se a impressão de que a era do crescimento dinâmico havia voltado para ficar. Impressão, infelizmente, sem fundamento.

A herança maldita

O mais preocupante, em todo caso, não é esse desempenho modesto, mas as travas que o governo Lula legou ao crescimento futuro do país:

1. O perverso tripé macroeconômico: temos a carga tributária mais alta do mundo em desenvolvimento; a maior taxa de juros reais de todo o planeta, ainda em ascensão, e a taxa de câmbio megavalorizada. A isso se soma uma das menores taxas de investimentos governamentais do mundo.

2. O gargalo na infraestrutura: energia, transportes urbanos, portos, aeroportos, estradas, ferrovias, hidrovias e navegação de cabotagem. Um gargalo que impõe custos pesados à atividade econômica e freia as pretensões de um desenvolvimento mais acelerado nos próximos anos.

3. As imensas carências em Saneamento, Saúde e Educação, que seguram a expansão do nosso capital humano.

4. A falta de planejamento e de capacidade executiva no aparato governamental, dominado pelo loteamento político, pela impunidade, quando não premiação, dos que atentam contra a ética, e por duas predominâncias: do interesse político-partidário sobre o interesse público, e das ações publicitário-eleitorais sobre a gestão efetiva das atividades de governo.

Nem convicção nem rapidez

Sem poder reclamar publicamente da herança recebida, o novo governo promete que vai enfrentar os desafios, mas mostra falta de convicção e de rapidez, além de desorientação em matéria de prioridades, cujo símbolo maior é o trem-bala SP/RJ, sem dúvida o projeto de investimento mais alucinado de nossa história, não só pela precariedade técnica e pela inviabilidade econômico-financeira, como também pelo volume de recursos que exigiria.

A falta de convicção apareceu na crise do sistema aeroportuário, onde, depois de anos demonizando as privatizações, o PT e a presidente Dilma concluíram que melhor mesmo é privatizar. Depois de oito anos e meio, não têm, é claro, projeto algum nessa área, e só a modelagem necessária à licitação das concessões demorará até meados do ano que vem, enquanto o colapso dos aeroportos continuará a martirizar os passageiros.

A falta de rapidez fica visível em face dos quatro anos de atraso das providências para a Copa do Mundo. Assunto no qual, em vez de resolver os problemas, o atual governo optou pelo atropelo, tentando promover mudanças na legislação que transformarão as obras públicas em puros negócios privados, como se os donos do poder fossem os donos do patrimônio e do dinheiro dos contribuintes. Vêm aí super faturamentos, atrasos e outros desperdícios de dinheiro público numa escala inusitada em nossa história.

Como regra, o governo vai atrás, bem atrás, dos acontecimentos e nem assim toma iniciativas efetivas. No ano passado, alegavam que nossas fronteiras — das mais escancaradas do mundo ao contrabando de armas e drogas —eram as mais guarnecidas do planeta. Isso foi recentemente desmentido por grandes reportagens, e só por essa razão, depois de cortar recursos da vigilância do setor, o governo anunciou um grande plano, de corte puramente publicitário. Como o plano contra o crack, que nunca saiu do papel, e nem é essa a intenção dos responsáveis pela área, que negam a gravidade do problema. Ou, então o novo “plano” contra a miséria, um mero requentado publicitário do Fome Zero, uma iniciativa que deu certo na propaganda, mas que nunca existiu na realidade.

No meio ambiente, o governo tampouco tem personalidade definida, no seu já clássico zigue-zague. Procura parecer ortodoxamente ambientalista no debate do Código Florestal e é ortodoxamente anti-ambientalista no atropelo para fazer andar a hidrelétrica de Belo Monte. Radicalizou desnecessariamente nos dois casos, pois havia terreno para entendimento no Congresso Nacional e na sociedade sobre o novo código, e há também como encaminhar a utilização do potencial hidrelétrico de uma maneira ambientalmente e socialmente responsável.

Desindustrialização

No começo do mandato da atual presidente, divulgou-se a chegada de uma novíssima política econômica, em que o crescimento não mais ficaria constrangido pela luta anti-inflacionária. A inflação seria combatida com crescimento. O resultado foi a deterioração das expectativas, o pânico diante das ameaças de reindexação e um recuo desorganizado — uma rota de fuga para uma ortodoxia, diga-se, de má qualidade.

O PIB contratado para este ano é medíocre, acompanhado de inflação perigosamente alta. O governo promete fazê-la convergir para a meta no ano que vem, mas já sinalizou que vai fazer isso prolongando o aperto monetário e o pé no breque do crescimento. Em resumo: depois das indecisões e vacilações na largada, vão acabar comprometendo pelo menos dois anos — metade do mandato. E, como a âncora exclusiva do ajuste é a cambial, isso causará um estrago ainda maior na indústria brasileira.

O crescimento medíocre produz resultados pobres, principalmente no emprego. Fica escondido o fato de que a maioria das vagas criadas nos últimos anos paga salários menores. Na faixa dos melhores empregos, os mais qualificados, o que se vê é estagnação ou o retrocesso. O desemprego entre os jovens está cada vez mais grave.

Emprego de qualidade depende também de indústria forte. E o binômio perverso juros-câmbio impõe o arrocho e a incerteza à indústria brasileira, que enfrenta dificuldades crescentes para competir no exterior e observa impotente a invasão de produtos estrangeiros a preços que sufocam a produção nacional. Estamos vivendo, sim, um processo de desindustrialização, como se o modelo agro-minerador pudesse proporcionar, por si só, os 145 milhões de bons empregos de que necessitaremos daqui a menos de 20 anos.

O que existe de atividade mais dinâmica resulta dos investimentos do petróleo (mesmo atrasados, superfaturados e desorganizados), da agricultura e do dinheiro que vem de fora para especular. Na agricultura, porém, o governo ainda insiste em cevar o clima que criminaliza os produtores. Já o dinheiro externo vem para dançar a ciranda financeira e garantir os maiores rendimentos do mundo. Uma vez anabolizado, vai embora feliz da vida. Hoje, a fraqueza das nossas exportações nos torna dependentes do capital que faz uma escala e pode cair fora. Enquanto isso, nossa taxa de investimentos continua cronicamente baixa. E o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, neste ano, da ordem de 65 bilhões de dólares, será o terceiro ou quarto maior de mundo.

Política Externa: quase más de lomismo

Algo parecido acontece nos direitos humanos. Depois de tentar empurrar o Brasil para uma aliança estratégica com o Irã, cujo governo ditatorial prega um segundo Holocausto contra os judeus, o PT sentiu a rejeição da opinião pública, ensaiou um recuo, passou a dizer que os direitos humanos iriam adquirir centralidade na política externa brasileira. Mas a coisa ficou só no plano das declarações. Na prática, o governo do PT apoia o regime da Síria no massacre contra os movimentos a favor da democracia naquele país. Neste capítulo, um momento triste foi quando a presidente deu as costas à Prêmio Nobel da Paz iraniana Shirin Ebadi, para não melindrar o aliado Mahmoud Ahmadinejad. Parece que a atração do governo petista pelas tiranias segue inabalável.

É a verdade revelada na sua face mais cruel. O governo do PT é a favor de promover os direitos humanos em países governados por adversários do PT. Quando se trata de governos amigos do petismo, prefere-se o silêncio diante das violações, dos abusos, dos massacres. Para os amigos, as conquistas da civilização; para os nem tanto, a lei da selva. Não foi por menos, aliás, que o momento da vergonha veio quando o governo do PT decidiu afrontar a democrática Itália e dar proteção a um assassino comum, Cesare Battisti, só por ele ter amigos no PT.

O papel da oposição

Como oposição, temos o dever de acompanhar, estudar todas as principais questões nacionais a fundo, ver como vivem e sentir o que pensam as pessoas de todo o país, criticar, fiscalizar, cobrar promessas e apontar caminhos. Sem, no entanto, pretender virar governo no exílio, como reza a tradição tucana, de onde não vencemos a eleição.

A incompetência e o autoritarismo são as marcas deste governo, e o PSDB não renunciará à denúncia desses atos e buscará mobilizar a sociedade brasileira para superar este período difícil. Outros momentos da história do Brasil mostraram que governos com maiorias acachapantes no Congresso podem ser enfrentados por meio da mobilização social e política da sociedade pela democracia e pelo desenvolvimento.

Essa é a nossa missão e a ela não renunciaremos.

Combatividade e unidade

O texto anterior procura sistematizar a análise da conjuntura política brasileira, que deveria passar a ser rotineiramente (a cada dois meses) debatida em todos os diretórios locais do partido, em todo o Brasil. Do mesmo modo, cada diretório deve produzir sua carta de conjuntura local, para ser debatida pelos seus militantes e conhecida pelos órgãos superiores do partido.

Temos um mundo de ações a fazer, pelo bem do nosso povo e do nosso país. Temos adversários políticos e um só possível inimigo: a desunião interna. Para mantê-la afastada, temos de insistir em duas condições. Em primeiro lugar, a combatividade das nossas direções, em todos os níveis, evitando o esmaecimento dos compromissos políticos e ideológicos dos militantes. Em segundo lugar, não antecipar as decisões sobre alianças e candidaturas em 2014; neste momento, as nossas tarefas essenciais são de reflexão, combate e reorganização do partido, em todo o Brasil.

Fonte: site de José Serra – clique aqui para conferir a matéria

Obs: os destaques em negrito (exceto os dos títulos e subtítulos), foram dados pelo dono deste blog.

As matérias transcritas são apenas para conhecimento dos leitores, não significando uma tomada de posição deste blogueiro, em favor ou desfavor de A ou B, pelo menos neste momento.