quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

No Contrato com o Diabo há certeza do cumprimento. No contrato com o Político que assina como se fosse um risco n’água, não há essa certeza.

Por Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com

Dizem por aí, que quando alguém faz um contrato com o Diabo, para conseguir algo, ele o faz em troca da alma desse alguém.

Dizem ainda, que o Diabo cumpre o contrato ao pé da letra, ou seja, concede o pedido mas no prazo assinado — vem buscar a alma do indigitado contraventor das Leis de Deus, que se moveu pela ambição.

Bom, na realidade o observador consciente não pode ter dúvida que a verdade não combina com a política. Quem acredita ingenuamente de boa-fé, na possibilidade do político cumprir com o que promete, primeiro entregará sua alma (o voto) para ele e, portanto, perde-la-á sem obter qualquer compensação pela sua confiança infantil, porque o político é pior que o Diabo (se houver alguma exceção, é porque o político só pode ser um anjo, ou mais propriamente um cordeiro de Deus enviado para um covil de lobos).

Henry David Thoreau, estava enganado comparando o político com o Diabo, porque o político é sem dúvida mais esperto do que o “Cramulhão”. Eis o Thoureau disse: "Será possível que a humanidade nunca percebe que política não é moralidade, que nunca garante qualquer direito moral, que, ao contrário, só leva em conta o que é conveniente? A política escolhe o candidato disponível — que é invariavelmente o Diabo — e seus eleitores não têm direito de se espantar, pois é demais esperar que o Diabo se comporte como um anjo." (Desobedecendo: Desobediência civil e outros escritos – tradução e organização de José Augusto Drummond. — Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1984 –pág. 130).

A História da Humanidade vem registrando que a mentira sempre esteve de braços dados com a política, e até considerada pelos políticos ou demagogos, como instrumento necessário e legítimo para ser utilizado inclusive pelo homem de estado.

Por mais paradoxal que possa parecer, a busca da verdade poderia se destruir caso as condições dessa busca não sejam garantidas mediante mentiras deliberadamente apregoadas? É permitida a mentira por questão de segurança? O “Fiat justitia, et pereat mundus” (Faça-se Justiça, ainda que o mundo acabe), no caso, não deve aplicado desprezando-se a verdade?

Emmanuel Kant in “À Paz Perpétua”, título original: Zum Ewigen Frieden, Série: L&PM Pocket Plus Editores, 1º Ed. Março de 2008) explicou o que significa a sentença: “A justiça deve prevalecer, mesmo que daí resulte o desaparecimento de toda a canalha do mundo!”, ou seja, o ser humano pensa que não vale a pena viver num mundo inteiramente sem justiça, que constitui um direito humano considerado sagrado, sem levar em consideração a quantidade de sacrifício exigido aos poderes...sem levar em conta do que daí poderia resultar em consequências físicas. Esse pensamento está expresso nas palavras de Espinosa: “[...] não existe lei mais alta que a sua própria segurança [...]”

Então deve-se sacrificar a verdade à sobrevivência do mundo? Isto é menos grave do que sacrificar qualquer outra virtude ou princípio? Não foi à-toa que Aristóteles resolveu deixar Atenas, para não ter o mesmo destino de Sócrates, porque pelo que se sabe ele não era perverso para escrever o que sabia ser falso, bem como não era imbecil para garantir a sua sobrevivência destruindo tudo quanto tinha significado para o seu ser.

É consabido através da história que os que investigam ou aqueles que dizem a verdade, devem estar conscientes dos riscos que correm. Temos como exemplo: Nicolau Copérnico, condenado pela Igreja Católica, por ter desenvolvido a teoria heliocentrista; e também mais tarde, Galileu Galilei que foi condenado pela mesma Igreja, porque aquela não aceitava sua posição frente à constatação de um fato e que consequentemente porque contrariava seus interesses, tendo por isso que a abjurar publicamente as suas ideias (heliocentrismo) além de ser enviado à prisão por tempo indefinido. A mesma sorte não teve o cientista italiano Giordano Bruno que foi julgado e condenado a morte pelo tribunal da inquisição, por afirmar: que Jesus Cristo não fez milagre algum e sim magia; que todos progrediam, sendo que até os demônios eram salvos, além de acusar a Igreja de promover a ignorância de seus fiéis, para que estes permanecessem como “asnos”. Para não alongar não devemos perder de vista que outros tantos homens que muito contribuíram para o desenvolvimento da humanidade, também sofreram condenações.

Hobbes disse (Leviatã) que: “[...] uma verdade que não se opõe a nenhum interesse ou prazer humano recebe bom acolhimento de todos os homens [...].[...] não duvido que, se fosse contrária ao direito do homem à dominação, ou ao interesse dos homens que detêm a dominação, que os três ângulos de um triângulo sejam iguais a dois ângulos de um quadrado, esta doutrina teria sido, se não contestada, pelo menos suprimida pelo lançamento à fogueira de todos os livros de geometria, se aquele a quem ela dizia respeito tivesse meios para isso.” E ele estava coberto de razão.

Portanto, também quando se tratam de questões políticas e de governos, o risco não é menor.

A Bíblia Sagrada dos Cristãos registra que Jesus disse: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).

Pois bem, podemos conhecer a verdade, mas daí vai uma grande distância entre conhecê-la e praticá-la. Como eu disse e repito para finalizar: ...os que investigam ou aqueles que dizem a verdade, devem estar conscientes dos riscos que correm.

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