sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

POLITICAMENTE CORRETO (PC) - UMA IDEOLOGIA QUE PRETENDE CASSAR A LIBERDADE DE EXPRESSÃO







Luiz Carlos Nogueira
nogueirablog@gmail.com










As raízes da ideologia do  “Politicamente Correto” (também denominado marxismo cultural), foram fincadas  pelo filósofo e sociólogo Herbert Marcuse[1], nos Estado Unidos, para onde emigrou fugindo da perseguição nazista, porque era alemão, porém descendente de judeus.
Segundo Marcuse pregava que o futuro da humanidade seria o de uma sociedade da “perversidade polimórfica”, assim como defendeu que a masculinidade e a feminilidade não eram diferenças sexuais essenciais, mas derivados de diferentes funções e papéis sociais; mas que não existem diferenças sexuais, senão como “diferenças construídas”, criando a frase “Make Love, Not War” (Faça amor, e não a guerra)
Foi também Marcuse que denominou de “tolerância repressiva”, ou seja, tudo o que originasse da “Direita” não deveria ser tolerado, mas reprimido, se fosse o caso, pela violência. Ao contrário tudo o que viesse da “Esquerda” deveria ser tolerado e amparado pelo Estado.
Por conseguinte, o filósofo critica o racionalismo da sociedade moderna e indica os caminhos de como nos afastar dele (1), ou seja, pela contestação dessa sociedade pelos marginais que ela desprezou e dela não conseguiu se beneficiar, porque trilhando pelos mesmos caminhos de Karl Marx, significa dizer que os problemas na nossa atual sociedade é o desenvolvimento significativo da tecnologia, que tem efeitos revolucionários, porquanto há uma invasão da mentalidade mercantilista e consumista, representada economicamente pelos valores das trocas, diretamente ligada ao processo de alienação do homem.
Não irei me estender mais nessas considerações preliminares, que serviram para indicar a origem do PC, e também, para dizer que os seus adeptos utilizam o método do Desconstrucionismo, conforme citado mais adiante, que em outras palavras, trata-se de uma maneira de retirar o significado de um texto ou de um discurso político ou mesmo ideológico, dando-lhe um outro sentido que se pretende. Assim, ao se desconstruir um texto ou até mesmo de um fato histórico, elimina-se o seu real sentido ou significado, bem como a sua verdade, substituindo-a pelo que se pretende.
Portanto, vamos examinar fatos concretos em que o Politicamente Correto cumpre a sua missão. Reinaldo Azevedo já disse que “O Politicamente Correto é o AI-5 da democracia”, e vamos ver por que, em alguns exemplos, conforme os fatos me vêm à mente:

1. As cotas raciais para as universidades públicas. Trata-se de um grande imbróglio político, sob o manto do Politicamente Correto, porque as escolas e as universidades públicas devem cumprir suas finalidades, quais sejam, de incluir e educar pessoas pobres, não as ricas ou de situação fora da probreza. Pobres não têm cor nem raças — são antes de tudo brasileiros. Ademais não se pode afirmar que as pessoas por serem de outras raças (ou de outra cor) são menos capazes ou inteligentes. (Nota: o uso do vocábulo “pobre”, é condenado pela Cartilha Politicamente Correto, sob a alegação de que é utilizado para inferiorizar as pessoas – áh! Dá licença, não vou nem comentar isso porque é ridículo).

2. A hipocrisia de se afirmar que as pessoas são homofóbicas, somente por terem opiniões divergentes a respeito do casamento entre pessoas do mesmo sexo, seja por razões religiosas ou por acreditarem que somente a união entre sexos diferentes, ou seja, entre um homem e uma mulher, cumpre a função de procriar. No entanto, somente por questões de direitos de herança e pensão previdenciária, me parece juridicamente válido um contrato civil que assegure tais direitos. Aliás, é bom que se diga, que tal contrato necessariamente não deva exigir uma associação entre pessoas do mesmo sexo, ou que ambos sejam homossexuais. E cito como exemplo, dois amigos ou duas amigas, ou até mesmo um amigo e uma amiga, que resolveram (por razões das mais diversas) não arrumar um parceiro ou parceira para se casarem, mas que gostariam de construir e adquirir bens, de forma que aquele que falecesse primeiro, deixasse sua herança para o outro, bem como uma pensão previdenciária para a qual se contribuiu.

O que não pode ser aceito é que ninguém queira impor aos outros as suas orientações e práticas sexuais. Também não é possível admitir que tenhamos que assistir os exibicionistas, sejam eles homossexuais ou heterossexuais, ou quaisquer outras denominações hoje em voga, que resolvam praticar atos libidinosos contra o decoro ou aos bons costumes, em público e principalmente em frente de crianças, e pior ainda — ensiná-los nas escolas.

O que se pretende com isso, é calar as vozes discordantes, invocando apenas a hipocrisia do PC (politicamente correto) que por si só não serve nem como um argumento troncho.

Prega-se com PC, a tolerância. Tolerância nesse caso, me parece uma pregação obtusa, porque tem o significado de aturar, suportar, aguentar, consentir, ou seja, melhor traduzindo num português popular — engolir o que se nos empurram goela abaixo. E não é esse o caminho quando se tratam de questões entre os seres humanos. Há que haver antes de tudo, o respeito entre as pessoas — só isso.
E para encerrar, cito uma entrevista em que o repórter da Revista Veja perguntou ao deputado Clodovil Hernandes: “Por que o senhor não apresentou nenhum projeto defendendo o direito dos homossexuais?”
Clodovil respondeu: “Deus me livre. Quais direitos? Direito de promover passeata gay? Não tenho orgulho de transar com homem. O primeiro homem que eu vi transando com outro foi meu pai — era o meu tio, irmão da minha mãe. Eu tinha 13 anos. Foi num domingo, depois da missa. Sentei no chão e pensei: meu Deus, minha mãe não é amada por ninguém. Meu pai nunca soube que eu vi. Quando ele me perguntou dois anos depois se eu era gay, não respondi. Nunca mais se falou sobre isso lá em casa. Mas eu podia ter dito o diabo para ele”.
Certa vez Clodovil foi vaiado durante uma manifestação do movimento gay, por conta da suas posições com vistas aos homossexuais, uma delas pela defesa da família, pois dizia que todos deveriam buscar a Deus para se orientarem na vida. Aliás, naquela ocasião ele ressaltou o valor da heterossexualidade, afirmando que sem ela nenhum dos que estavam ali presentes teria nascido.
Portanto, uma coisa não pode se transformar em outra, por simples alteração de conceito do que não é natural.

3. Estimo que a vida, por si só, é um bem que nos é caro e deve ser preservada, sem perder tempo em usar argumentos filosóficos ou religiosos. Mas existem os hipócritas que gostam de fazer tipo, fazendo-se passar por bonzinhos e humanitários, só para defender o que lhes rende notoriedade e dinheiro, utilizando-se do chavão do PC, que invocam, simplesmente, como se fosse um argumento válido apenas ou por si mesmo; por exemplo, quando um policial no cumprimento do seu dever, ao perseguir um bandido perigoso, se vê obrigado a atirar e matar para não perder a própria vida, logo terá dificuldades enormes com os pusilânimes, que para se eximirem de tomar conta do problema, jogam o policial às feras. Gente que defende criminosos perigosos, sabidamente sem possibilidade de recuperação, como são inúmeros os casos psicopáticos, só acham que a punição para eles deve ser aplicada, caso eles próprios ou alguém da sua família, venham a sofrer as ações desses elementos. É gente desse tipo que acha que a pimenta não arde nos olhos dos outros.

4. Outro ponto a considerar é que nada é mais lastimável do que se costuma afirmar: “O pior cego é aquele que não quer ver”. Sim, porque aquele que não quer enxergar a escada da evolução em qualquer campo do saber e da atividade humana, para galgá-la, vive como uma lagarta que não quer se transformar numa borboleta e sair do casulo, para voar e saborear o néctar das flores. Digo isso com relação à praga do PC, que pretende prender ou reduzir as pessoas ao estado de ignorância linguistica, chegando-se ao absurdo ideológico de o MEC adotar livro com o objetivo de ensinar aos alunos a falarem e escreverem errado.
Abro parêntesis para transcrever um trecho encontrado no blog “Perspectivas”, acessado dia 05/12/2013, através deste link: http://espectivas.wordpress.com/o-que-e-o-politicamente-correcto/, para que se entenda como se chega ao PC ou o Politicamente Correto:
O Desconstrucionismo, em termos que toda a gente entenda, é um método através do qual se retira o significado de um texto para se colocar a seguir o sentido que se pretende para esse texto. Este método é aplicado não só em textos, mas também na retórica política e ideológica em geral. A desconstrução de um texto (ou de uma realidade histórica) permite que se elimine o seu significado, substituindo-o por aquilo que se pretende. Por exemplo, a análise desconstrucionista da Bíblia pode levar um marxista cultural a inferir que se trata de um livro dedicado à superioridade de uma raça e de um sexo sobre o outro sexo; ou a análise desconstrucionista das obras de Shakespeare, por parte de um marxista cultural, pode concluir que se tratam de obras misóginas que defendem a supressão da mulher; ou a análise politicamente correcta dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, levaria à conclusão de que se trata de uma obra colonialista, supremacista, machista e imperialista. Para o marxista cultural, a análise histórica resume-se tão só à análise da relação de poder entre grupos sociais.
O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correcto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional europeia.”
(Os destaques em negrito são meus)
Voltando ao que eu estava dizendo, banalizar a língua portuguêsa é o começo da Babel, criando-se a Novilíngua conforme a obra de George Orwell (The Big Brother). Nisso se está empregando a ideologia do Politicamente Correto, que funciona por exemplo, quando se quer empurrar alguma intenção “goela abaixo”, para que não haja discussão e questionamentos. Isso acontece em algumas igrejas evangélicas caça-níqueis, que tem proliferado ultimamente (excetuadas as tradicionais, respeitáveis e sérias), nas quais os pastores pressionam alguém que seja de uma outra religião, ou que não é ligado a nenhuma, mas que por alguma razão especial (ex. assistindo a um batismo) esteja num culto nessa igreja, para que aceite Cristo e ajude com um donativo em dinheiro, uma suposta obra social. Será difícil recusar perante um grupo de ignorantes, fanáticos, quando não os que mais estão lá, tentando barganhar favores com a divindade e querendo exibir falsa devoção.
Ao meu sentir, essa ideologia tem sido utilizada de forma tendenciosa para certas questões, e com vistas ao uso de algumas terminologias dicionarizadas na Cartilha do Politicamente Correto, que não se resolvem por decreto de um órgão, porque nem ele e nem um Governo sózinho são donos da nossa língua e do pensamento do nosso povo.
5. Os absurdos do Politicamente Correto, expressos na Cartilha do Governo Brasileiro, ultrapassa as raias do bom senso, por exemplo, não se pode dizer que “A coisa ficou preta”, porque conforme a referida cartilha – A frase é utilizada para expressar o aumento das dificuldades de determinada situação, traindo forte conotação racista contra os negros.”
A cartilha coloca também como politicamente incorreto chamar uma pessoa com AIDS de AIDÉTICA, porque seria um– Termo discriminador dos portadores do vírus da Aids, ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV). O correto é chamar a pessoa nessa condição de “HIV positiva” ou “soropositiva”, quando não apresenta os sintomas associados à doença, e “pessoa com Aids” ou “doente de Aids”, quando ela já tem aqueles sintomas.
Se caminarmos por aí, então não podemos dizer que uma pessoa é DIABÉTICA.
Como também teremos que nos referir a uma pessoa que não sabe ler e escrever? A Cartilha diz que: “Analfabeto– Condição de quem não sabe ler nem escrever, alvo de grande preconceito e discriminação social no País, o que é sintetizado, por exemplo, na frase “Vá estudar para ser alguém na vida!”[...]”. Mas a cartilha não diz como se referir a essas pessoas. Então tenha cuidado, da próxima vez que você tiver que se referir a alguém nessa condição, vai ter que dizer: As pessoas que não sabem ler nem escrever? Pois, sintetizar dizendo apenas: os analfabetos — nem pensar, porque você estará praticando uma heresia contra o clero da novilíngua. (Heresia era considerada crime no tempo da Inquisição, perante o Tribunal do Santo Ofício.
6. Pela Cartilha — “Comunista – Termo utilizado até recentemente para discriminar ou justificar perseguições a qualquer militante de esquerda ou de causas sociais.[...]”. Que coisa?! Esquerda  nos dicionários significa: a mão esquerda; CANHOTA ; SINISTRA [Por oposição a destra, ou seja, a mão direita.], para designar os que têm convicções políticas contrárias a um regime de ideias capitalistas. Ora isso me parece mais pejorativo do que dizer comunista, porque afinal de contas o COMUNISMO é uma posição política, assim designado pelos próprios comunistas, ou eu estou errado? Quem já não ouviu falar do Manifesto Comunista de Marx e Engls? Pois é, então temos que mudar o titulo para MANIFESTO DA ESQUERDA ou MANIFESTO DA SINISTRA?
7. Melhor idade– Fórmula ainda mais eufemística do que “terceira idade”, diz a Cartilha, para referir-se às pessoas idosas.
Melhor idade? Isso é “o fim da picada”, como se costuma dizer no dito popular, porque os velhinhos aposentados e pensionistas do INSS — não acham isso, tenho certeza, porque o que seria mais importante, que são os “benefícios previdenciários”, para que realmente pudessem desfrutar das suas aposentadorias ou pensões, não têm os reajustes anuais suficientes para manter os mesmos padrões de vida que tinham na data em que se aposentaram. Então é Politicamente Correto passar a perna dos aposentados?
Mas os defensores dessa Cartilha hipócrita, por acaso já disseram que é Politicamente Incorreto: formar mensalões? Usar cartões corporativos para fins pessoais? Usar aviões e outros meios de transporte dos órgãos públicos para seus passeios? Usar o logro político e outras tramois políticos? Áh!! Vão para os “quintos dos infernos” que é o Politicamente Correto que você merecem!
Assim não dá, vamos parar com isso!! Tem tantas coisas urgentes e de utilidade para se fazer “nestepaiz”, do que ficar perdendo tempo com invencionices fúteis e hipócritas. Dêem educação de qualidade e condições de trabalho digno para o povo, que tudo que houver de bom e saudável virá por consequência. Politicamente Correto é não desviar dinheiro do Erário, é não promover  negociatas políticas, é não tentar driblar a Justiça, é não formar, como já me referi, “mensalões” ou coisas que estão abaixo da honra, da moral, dos bons costumes.




[1] Marcuse, Herbert, in Ideologia da Sociedade Industrial – O homem unidimensional, tradução de Giasone Rebuá, 4ª ed., Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1973.

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