quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Bolha assassina

Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com

O título pode parecer coisa antiga para a “turma da minha era”, pois esse foi o título brasileiro, dado para o filme The Blob, produzido em 1958, em preto e branco, na terra do “Tio Sam” pela Paramount Pictures Corporation. Para época foi um filme sensacional do gênero horror.


O enredo é mais ou menos assim: o “mocinho” estava certa noite, com a sua namorada (a mocinha) em seu carro, quando ambos viram algo que parecia ser um meteorito, cair do espaço nas proximidades. Curiosos foram até ao local onde parecia ter caído “a coisa”, porém nada encontraram. Ao retornarem quase atropelaram um ancião que atravessou a estrada aos gritos. Os namorados, compadecidos do velho, deram-lhe socorro, colocando-o no carro para levá-lo à cidade (Phoenixville), pois uma das mãos do ancião estava envolvida por uma massa gosmenta, que lhe causava muita dor. A trilha sonora (que até hoje, de vez em quando é tocada por algum DJ saudosista) começava a dar arrepios na platéia.


Após haver deixado o ancião sob os cuidados de um médico, o “mocinho” voltou ao local onde “a coisa” havia caído, quando viu aquela massa gosmenta e sem forma, que já havia aumentado de volume, envolver e consumir uma pessoa. A massa parecia-se com um ser unicelular (um tipo de ameba) projetando pseudópodes para se locomover e englobar suas presas. Quanto mais se alimentava, mais ia crescendo.


O jovem protagonista (“o mocinho” como era denominado o personagem principal, o herói) sentindo-se apavorado tentou alertar a Polícia e outras autoridades constituídas, que duvidaram do “mocinho”, porque era muito comum naquela cidade, os adolescentes pregarem peças para se divertirem.


Inconformado, o “mocinho” conta a outros jovens, seus amigos, e todos saem apressados para tentarem alertar as pessoas daquela cidade, do perigo que estavam correndo. Todos desdenham do alerta, pensando tratar-se de uma piada de mau gosto e só vão descobrir a verdade, quando a criatura, a Bolha Assassina, já estava gigante e assim atacou um cinema lotado, depois, passando e destruindo tudo que encontrava pela frente.


Não vou contar todo e especialmente o final do filme, para não ficar sem graça para quem resolver assisti-lo. Todos sabemos que nos filmes, os mocinhos sempre se salvam e se dão bem. O que na vida real não é assim. Como dizem: “quem ou o quê for para as cucuias, já era!”


Mas, o leitor já pensou se algum cineasta resolvesse parodiar esse filme? Ele não precisaria sequer recorrer a alguma das coisas do espaço sideral, para justificar a gênese da “Bolha Assassina Brasileira”, pois bastaria procurá-las aqui mesmo na Terra — no Brasil especialmente, porque aqui nós temos em demasia “os bolhas assassinas” — “os maus políticos” e também “os corruptos e corruptores”. Eles estão nos partidos políticos, nas casas legislativas....em todos os lugares. Os bons políticos que para a nossa infelicidade são minoria — podemos compará-los com os vírus da diarréia aguda, porque incomodam, mas logo a “c...neira” passa, porque tornam-se impotentes por consequência do “remédio da impunidade”.


Quanto ao enredo para o filme da “Bolha Assassina Brasileira”, basta se valer da imaginação e montá-lo em cima do breve comentário que fiz do filme original, que para o caso é uma excelente alegoria.

E assim, a massa informe, fedorenta, nauseabunda, gosmenta, pegajosa, esponjosa, pestilenta, destruidora, etc, — a odiosa Bolha Assassina, nascida da Corrupção no Brasil, sem nenhuma dúvida, teria material de primeira; claro, considerado assim, dentro da avaliação negativa neste contexto ou no qual se insere esta classificação; eis que esse material seria obtido dentro dessa categoria horrorosa de espécimes da mais baixa hierarquia humana diabólica e criminosa, que não vou aqui enumerar, porque para o leitor inteligente, esta breve alusão é suficiente para descobrir todos esses ingredientes nesse laboratório do capeta.


Mas a bem da verdade, a “Bolha Assassina Brasileira” não deve ser vista apenas como um filme de ficção em projeto de lançamento. Ela de fato já existe, há muito tempo, embora seja invisível aos olhos do nosso povo, vem crescendo em tamanho e em efeito nefastos. É como um câncer a produzir metástase. Essa “Bolha” é responsável pelos aumentos de impostos, pelas mortes de inúmeras pessoas à espera de atendimentos nas filas dos hospitais, pela onda de crimes de toda espécie, pelas obras superfaturadas e inacabadas, pelo aumento da marginalidade e do consumo das drogas, pelo sistema educacional caótico, pelas cobranças de propinas, pelo sistema carcerário inadequado e leis que só beneficiam bandidos, pelo rombo no caixa do INSS que coloca em desamparo os aposentados e pensionistas daquele Instituto, pela falta de combate à pedofilia e ao tráfico de jovens para serem sexualmente explorados, enfim, por todos os males que afetam a sociedade, porque “A Bolha” devora as verbas públicas, assim como o caráter de algumas autoridades constituídas, além da moral e os bons costumes. Com a “Bolha” dificilmente prosperarão as ações éticas.


Alguns Deputados e Senadores e outras vozes não menos importantes, têm proclamado ultimamente, a necessidade mais urgente e efetiva, de desencadear no País um ferrenho combate à corrupção. Essas vozes já se colocaram em ação, somadas às de uma multidão de brasileiros indignados. Só espero que os corruptos e seus corruptores não consigam levá-los à fogueira, por falta de apoio de mais pessoas honestas e comprometidas com a nação brasileira.


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