quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

VAMOS FALAR DE DEMOCRACIA - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA









Anos há, ao ler crónica publicada on-line, reparei que no rodapé havia enxurrada de comentários, que em regra, primavam pela ignorância e má fé, para não dizer: falta de educação.

Apressei-me a escrever parecer sobre a liberdade de expressão, frisando que o articulista, em democracia, tinha o direito e até o dever, de exprimir livremente sua opinião. Cabia, todavia, ao leitor, opinar de forma cortês, evitando palavras agressivas, carregadas de ódio, demonstrativas de falta de maturidade e respeito.

Escusado será dizer que o comentário não foi publicado. Provavelmente consideraram-no indesejável, por não perfilhar a opinião dominante.

Sempre lutei pela liberdade de expressão, pois sem ela, não pode haver democracia plena. Mas esta só subsiste, se todos, mutuamente, se respeitarem.

Insultos, remoques grosseiros, que se escutam na rua, em manifestações, comícios e debates políticos, são demonstrações inequívocas de a má formação cívica, indicativo que, quem assim age, não é democrata, mas ditador camuflado ou em gestação.

Povo que não é educado, cedo ou tarde cairá em ditadura.

Recontava, meu pai, o que ouvira a sua avó Júlia, sempre que assistia a debate político recheado de ataques ou valadas ofensas:

Estando o Dr. Pinheiro Torres, na Bélgica, ouvira dizer que ia haver renhido “combate” entre conhecido conservador e convicto progressista.

Perante o espanto do jurista - habituado a confrontos de parlamentares portugueses, na Primeira República, - o debate terminou com afectuoso aperto de mão, e os intervenientes pareciam pedir perdão por discordarem.

Concluía, meu pai, que sua santa avó, lamentava que o mesmo não acontecesse em Portugal.

Discordar de pareceres, sejam políticos, religiosos ou desportivos, em democracia, é direito inalienável; por isso, cercear liberdade der expressão, a quem não pensa como nós é prepotência inaudita.

Sempre que se intimida ou se humilha, em termos agressivos, v.g.: mentiroso, aldrabão gatuno, chulo e quejandos, dá-se machadadas mortíferas, destruidoras da democracia.

O regime democrático, não é perfeito, mas é o melhor que se conhece. Infelizmente, quando o povo não tem educação, confirma o que bem disse Jean Jacques Rousseau: Um governo tão perfeito, não convém aos homens, mas a deuses. - “ Contrato Social”- Cap. lV

É bem verdade, quando se diz, que cada povo tem o regime e o governo que merece.



HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal


 
Matéria enviada pelo autor, por e.mail, para ser publicada – Confira-a no Blog Luso-Brasileiro “PAZ”, clicando aqui.
 

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