sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O dever da conscientização - Por João Bosco Leal (*)


O dever da conscientização
Muitas vezes reclamamos até da preguiça de levantarmos da cama, onde dormíamos com o ar condicionado e o humidificador ligados, enquanto milhões de brasileiros não possuem sequer um teto para se abrigar do calor ou das intempéries, ou dizemos que estamos até indispostos por termos comido demais, sem sequer nos lembrarmos dos que estão morrendo de fome.
Somente em nosso país, ainda existem milhões de pessoas sem rede de esgoto em suas ruas, eletricidade em suas casas ou acesso a uma escola digna, que as ensine o básico para sua sobrevivência em uma sociedade cada vez mais culta, que exige mão de obra cada vez mais especializada, mesmo para o trabalho mais simples.
Os que nasceram em lares mais privilegiados - e talvez até por isso mesmo -, vivem em um mundo tão distante dessas pessoas, que são incapazes de enxergar e valorizar todas as facilidades que possuem, desde a água encanada até o transporte privado e, por isso, nem percebem a diferença que existe entre esses dois mundos dentro de um mesmo país,
Essa situação continuará assim por no mínimo mais uma geração, pois as crianças que não frequentam a escola hoje serão os trabalhadores subempregados que levarão sessenta e cinco anos, para se aposentarem.
Analfabetos ou semianalfabetos continuarão sendo facilmente conduzidos, como massa de manobra, pelos políticos corruptos que aí estão e que facilmente os "compra" com os mais diversos tipos de "bolsas" ou "vales" e, por constituir a maioria populacional, continuarão decidindo as eleições como ocorre atualmente.
A maneira mais fácil de mudar essa situação seria através do voto que promovesse uma faxina geral, excluindo do país todos os políticos profissionais e corruptos que atualmente estão no poder, coisa impossível com a maioria "comprada".
Então, para que essa transformação ocorra, o primeiro passo seria o de que os cidadãos brasileiros conscientes, independente de sua classe social ou cultural, passem a lutar, diariamente, para que essa maioria tenha pelo menos o básico, como educação, saúde e moradia dignas.
E isso seria feito não só nas eleições, com o voto dessa minoria, mas em todos os ambientes a que cada um tenha acesso, como na conversa com seus funcionários, colegas de trabalho, amigos, nos pontos de ônibus, no metrô, nas filas dos bancos, nas festas e reuniões em geral.
Nessas ocasiões deve-se divulgar, sempre, a quantidade de impostos que se paga, os descontados do salário de cada trabalhador, cobrados em todos os mantimentos, contas de luz, água, telefone, etc..., e a contrapartida obtida por cada cidadão nas mais diversas áreas, como a de saúde, educação, transporte e outros que seriam de competência dos governos municipais, estaduais e federais, que "evaporam" com tanta corrupção.
É imprescindível que os brasileiros criem climas de protestos diversos, exigindo a principal mudança que será a responsável por todas as outras: a educação para todos, em todos os rincões do país.
Só com educação aqueles hoje "manobrados" conseguirão um bom trabalho, com o qual terão - e poderão proporcionar a seus filhos -, muito mais do que hoje recebem através de qualquer tipo de "doação" dos políticos.
João Bosco Leal*     www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista, escritor e empresário

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